segunda-feira, 18 de março de 2013

-um mesmo outro corpo-








foto por Ademir Kimura 


Me lanço ao mundo com sede de senti-lo tão completamente a ponto de perder os meus sentidos. Me projeto na paisagem já sabendo que ela me penetra e se funde a minha carne que treme a cada toque sensível daquilo que meu olho vê, dos cheiros que meu corpo devora. 
Em cada lugar um tempo diferente passa, em cada localidade, uma luz, um vento, uma história vibra e faz vibrar minha pele. Esta pele é o maior órgão do meu corpo, e em cada lugar segue se metamorfoseando com a paisagem que passa e deixa rastros e resquícios em todos os orifícios sensíveis desta superfície porosa que sou eu. 
Um sentimento de fusão eu-mundo se apropria de mim e me dissolve na natureza, um mesmo e outro corpo nasce e morre a cada imagem que toca minha retina. Agora sou a paisagem que meus olhos observam atentos, agora sou mundo, visto cada parte do que vejo e sinto como minha pele, sou cada parte do mundo que visito, que conheço e ao qual pertenço completamente. 
Sigo e im-permaneço a mesma.


 



segunda-feira, 11 de março de 2013

-balanço-


-balanço- from roberta-stubs on Vimeo.


De um dia para outro, todos os balanços amanheceram com cadeados os proibindo de balançar. Desde então, é proibido balançar na cidade. 
Isso aconteceu há tanto tempo atrás que ninguém mais se lembra de como era bom balançar. Na verdade, as pessoas nem sabem se balançar é bom ou não. Tanto não sabem nem se lembram que chegam a ter medo de balançar. 
O triste é que agora é o lado de dentro que acredita ser proibido balançar, e hoje, a maioria das pessoas da cidade simplesmente não balançam, e acham melhor assim.