Em visita ao MAM uma obra de Cildo Meireles me impressionou, marcando meu olhar e meu pensamento.
A obra se chama "elos", uma caixa de madeira com duas correntes iguais na forma, dispostas uma ao lado da outra. Uma das correntes é de ferro, e o que une as extremidades de seus grossos gomos de ferro é um gomo de silicone. Bem ao lado, a outra corrente é formada por gomos de silicone e unidas por um grosso gomo de ferro.
Há nesta obra uma vibração ética, o campo relacional é tão mais forte e resistente quanto mais flexivel for o elo entre as partes, quanto maior a abertura para a negociação e menor a disposição para a imposição de verdades e para a afirmação do eu. Esta obra vibrou em mim um sentimento de mundo, vi nela uma espécie de síntese relacional, uma fórmula para preservar em amplitude a relação com o outro.
Com os elos de Cildo pulsando em mim, iniciei uma série com o mesmo nome e resolvi sair por aí fotografando alguns elos que me passam o sentimento de permanência.
Em referência e reverência a Cildo Meireles.