segunda-feira, 27 de junho de 2011

.perdendo glauco em maya deren.



Há muito ouço falar de Maya Deren. Sei que lá os sinos tocam sem ordem nem ocasião, os corpos são feitos de luz e gravitam livres pelo ar.

_Não Glauco, não vá para Maya Deren. Temo que não voltes mais. Cuido pela tua vida e o quero aqui, com o pé no chão e sem ruído de sino para impedir o sono.

Foi Glauco quem tanto me falou de Maya Deren. Este lugar misterioso exercia tamanho fascínio em sua imaginação que não havia argumento no mundo que o fizesse mudar de opinião.

_Sim, vou em busca de Maya Deren, seus segredos me encantam e sem essa magia não consigo mais viver.

Em sã consciência, há muito não ouço falar de Maya Deren. Não há mais Glauco de olhos brilhando falando de Maya Deren. Mas ouço, entre sinos, sua voz me dizendo que de Maya Deren não volta mais, pois lá o peso de seu corpo flutua e sua voz vira música.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

.o olho quando olha.

O projeto "o olho quando olha" tem como foco o olhar daquele que olha, e  registrando o real funda a própria realidade. Merleau-Ponty nos diz que a experiência da percepção nos põe em presença do momento em que se constituem para nós as coisas --presença do momento-- o momento da percepção nos dá a realidade em estado nascente, nos ensina as condições da própria objetividade --em estado nascente-- A percepção é portanto o momento mesmo de criação desta realidade, e o registro de mundo percebido por mim de tal ou qual maneira também passa a sê-lo também de outrem. É nosso olhar que funda a realidade e é nesta realidade que nos experienciamos enquanto sujeitos. É da criação de realidades que o artista se ocupa. Ao registrar a realidade com lentes mais apuradas estética e sensivelmente, o artista cria realidades possíveis que passam a constituir também outros campos perceptivos. A criação de outras realidades possíveis, este é o convite que fica.



                                                                                                  .julia e emília.