Há muito ouço falar de Maya Deren. Sei que lá os sinos tocam sem ordem nem ocasião, os corpos são feitos de luz e gravitam livres pelo ar.
_Não Glauco, não vá para Maya Deren. Temo que não voltes mais. Cuido pela tua vida e o quero aqui, com o pé no chão e sem ruído de sino para impedir o sono.
Foi Glauco quem tanto me falou de Maya Deren. Este lugar misterioso exercia tamanho fascínio em sua imaginação que não havia argumento no mundo que o fizesse mudar de opinião.
_Sim, vou em busca de Maya Deren, seus segredos me encantam e sem essa magia não consigo mais viver.
Em sã consciência, há muito não ouço falar de Maya Deren. Não há mais Glauco de olhos brilhando falando de Maya Deren. Mas ouço, entre sinos, sua voz me dizendo que de Maya Deren não volta mais, pois lá o peso de seu corpo flutua e sua voz vira música.