Essa é uma crônica sobre as coisas que fazemos quando se inicia o ano.
Olhei para a mesa do escritório - cheia de papéis, de poeira e de memórias esquecidas. Sabia que somente eu poderia arrumar aquilo tudo. Sabia também da disposição que teria que ter para me confrontar com coisas que remetia à minha desorganização, ao modo como me omiti diante de alguns compromissos e como forjei seriedade em tarefas com as quais eu não estava nem um pouco preocupada. Parecia que cada papel me olhava, folha por folha. Os lápis e canetas esparramados pela mesa também me inquiriam. Foi quando encontrei um bloco de notas cheio de anotações....foi quando me perdi na atemporalidade daquelas palavras esparsas e delas não saí mais. Acho que a mesa continua lá, na verdade, acho que não sei mais o que é uma mesa, papel, caneta e lápis. Hoje sou palavra perdida na palavra mesma, palavra de pensamento, palavra de tempo, palavreado solto e flutuante de memória.
memórias de papel sobre a mesa