Telefone público, Rua Mandaguari, Maringá-Pr. Música extraída de Voom Portraits, Robert Wilson.
Caminhando alienada em meus passos e com uma atenção flutuante ao que tange essa alienação, algo me fisga. Meu olhar capturado por um verde que acende e apaga e assim permanece no correr dos dias e noites. Disso sei pois por ali passei vezes e vezes depois e aquele telefone público, momentaneamente sem função, segue funcionando em intervalos de luz que dizem assim: FORA DE OPERAÇÃO AGUARDE.... -PORTA ABERTA-
Enigmáticas palavras que mais do que demarcar sentido, nos lançam ao fora do pensamento. Aí, começo este texto novamente, reinicio meu pensamento dentro desse fora.
Porta aberta. Sejam bem vindos neste jogo de construção, a desconstrução já está posta (o insólito logo ali, na próxima esquina, bem pertinho de nós e nossos passos, dentro de nossa rotina-retina). Agora é só brincar no aleatório, o que podemos compor: Aguarde...., estou pensando. Suspendo minha lógica do sentido e a coloco fora de operação. Como opero bem neste lugar, ou melhor, opero para além do bem e do mal. Penso até em permanecer aí, vibrando. Sinto que neste lugar as portas permanecem abertas, outras portas, outras vozes, corujas, grilos, automóveis, flashes reluzentes e constelações de coisas ínfimas, vizinhanças próximas e distantes. Entro num jogo infinito de permanência e proliferação, aguardo tudo e qualquer coisa que se sinta.
Tudo e qualquer coisa. Mesmo numa linearidade louca, o que podemos compor??? Um convite para operar no fora da operação. Portas abertas para a composição, entrem e fiquem a vontade.