Para escapar de essencialismos preconceituosos que fixam prerrogativas morais de se comportar, agir e desejar, é interessante pensar em performances de gênero. Somos a superfície expressiva de uma gramática textual que a cultura tenta inscrever em nosso corpo, é a isso que Judith Butler tenta chamar a atenção quando denomina gênero enquanto performance. Gênero então é uma questão cênica, fato que tanto denuncia o modo como reproduzimos padrões normativos de comportamentos quanto nos convida e provoca a sermos autores de nossos modos de vida, re-significando e criando outras relações com o corpo e desejo. Ao vestirmos como carne a aparência superficial de um corpo pré-moldado em plástico, deflagramos a máscara que insiste em imprimir-se na profundidade de nossa pele.
A intervenção com os manequins surgiu ao encontrá-los no lixo na ocasião mesma da passeata pela diversidade que ocorreu no dia 22 de maio na cidade de Maringá. Obrigada a todos que se dispuseram a vestir-se com essa alegoria de corpo belo, pleno e consumível idealmente.
Genial Roberta,Parabéns. Nem sabia que esse era o lixo do dia! Tai, uma forma de transformar um objeto cotidiano(jogado fora),em manifestaçao artistica, sobretudo revestindo os manequins com outros corpos,outras caras... corpos conceituais, reais, imaginarios sociais. E, tudo a ver com a propria questao da caminhada,da sexualidade da luta pela liberdade de ser como se é e de e-xis-tir. Que luxo!
ResponderExcluirpois é Flavio, tb achei genial e confesso que o acaso tem me privilegiado vez ou outra com esse tipo de surpresa, aí é só conectar, encenar e colocar em funcionamento. Que luxo não é! Um fato que eu acho muito importante é que o lixo é abjeto, mesmo lugar que se tenta alocar os corpos e sexualidades que desviam.
ResponderExcluirGenial Roberta. A epiderme parece ser o maior órgão do corpo humano. Pensar que reveste até o sistema nervoso pensar que este chega a tantos desvios...pensar até na body art para serem comunicações...
ResponderExcluirParabéns!
pois é sara....Deleuze fala que o mais profundo é a pele... além de ser o maior órgão do corpo humano é tb a superfície de reversão entre dentro e fora. lugar de indiscernibilidade e de intimidade extremas, para mim é nela que se inscreve tanto a memória quanto o esquecimento...viajo muito pensando nesses paradoxos todos, e os acho muito pertinente. Obrigada pelo genial e pela disposição do corpinho na intervenção. bjsssss
ResponderExcluirAcredito no amor, no respeito e na igualdade. Sejamos felizes...
ResponderExcluiracredito no simples.....gostei de seu comentário por isso....simples!
ResponderExcluirNossa! cada vez que olhava uma nova imagem, maior aumentava a vontade de olhar por entre esses manequins... de enxergar a beleza singular de cada um!
ResponderExcluirShow Roberta!
(...) não tem nada a ver, mas lembrou uma foto minha no Facebook. Vc já viu?
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